Nossa, que fase é essa?
Quando aparenta que vai,
acontece um “prá trás”
e tudo acaba de repente.
Pareço um barco que sai,
perde a direção do cais
e deriva, mercê da corrente.
Lá se vão dois anos.
Dois anos sem trabalho
me abalaram a confiança;
minha reserva de ganhos –
essa, já foi pro caralho:
esgotou-se minha poupança.
Velho, já não tenho mercado,
ninguém quer minha “experiência”
nem a minha “sabedoria”.
Velho e desempregado!
Eis a síntese da decadência,
da tristeza e da melancolia.
Nada que experimento fazer
funciona; tudo dá errado,
mas não sem antes me animar.
Com a frustração, vem a vergonha de ser
esse sujeito fracassado
que reluto tanto em mostrar.
Vivendo de favores dos filhos.
de “bicos” e de promessas,
me angustio e me entedio,
me torturo e me humilho...
Eu, que já tive à beça,
hoje sou um saco vazio...
Vazio de sonhos,
vazio de esperança,
vazio de fé!
A sorte, eu suponho,
foi uma parceira de dança
e eu lhe pisei o pé.
O tempo passa,
o Sol brilha, a chuva cai...
mas nada muda em minha vida.
Eu rio (é, acho graça),
ao lembrar o que diria meu pai
em situação parecida:
“Homessa!!! Que porra de fase é essa???”