Essa porção verde e amarela
que inflou o pato e bateu panela;
que se considera elite
e não admite
que pobres possam ser seus iguais
e que não é classe social que o torna
capaz.
Em sua disfarçada intelectualidade,
continua a querer tirar, do pobre, a
oportunidade.
Essa porção, hoje se deleita
com a queda de uma presidente eleita,
com o Lula na prisão,
com o rasgar da Constituição.
Essa porção esquece ou não viu
que já passamos por isso no Brasil:
a ditadura voltou com roupa nova
(do que os fatos recentes são prova).
Voltou sem uniforme, com toga, palitó
e gravata,
mas com a truculencia, o desprezo e as
bravatas
daquela outra ditadura, do
desequilíbrio.
O “dejá-vu” de um passado sombrio!
A porção aplaude o desrespeito aos
direitos,
o fazer por fazer, não importando o
que é feito;
a condenação sem provas, a perseguição
política
sem fundamento legal, sem análise
crítica.
“A lei é para todos”, a porção dirá
e não tenho como discordar.
Mas a lei! Não a convicção de alguém.
Convicção não pode condenar ninguém.
Talvez, por isso, morram tantos
favelados
pois os pobre coitados
sofrem a “convicção” de um preconceito
antigo:
mora no morro, é bandido.
Hoje foi o Lula, com ampla exposição
na mídia:
um show, um espetáculo, uma comédia.
Mas a porção não percebe, em momento
algum,
que amanhã pode acontecer com o
cidadão comum.
“Um
dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram
meu outro vizinho que era comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei.
No terceiro dia vieram
e levaram meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram;
já não havia mais ninguém para reclamar...”
(Martin Niemoller - 1933 - Símbolo da resistencia ao nazismo)