segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O fim


Tornei-me um sujeito obscuro,
me humilho, me degrado,
me torturo
buscando respostas
que não sei responder,
sobre assuntos que desconheço.

Já não consigo dormir
mas mantenho meus sonhos, acordado,
e, sem ter onde ir,
as feridas expostas
para quem quiser ver,
buscando, talvez, o recomeço.

Despido, entre meus humores,
sangue, suor, fezes, urina,
relembro antigos amores,
tempos de relativo sucesso
quando tinha mais do que precisava,
e menos do que queria ter.

Rezo a deuses em quem não acredito
pedindo que mude minha sina
e me refaça jovem,  rico e bonito
- é só isso o que peço!
Que me permita o dom da palavra
e a completa realização do ser.
            
Mas a vida me trancou nessa cela escura,
          me humilha, me degrada, me tortura...

sábado, 27 de agosto de 2011

Pra quê?


Pra que brigarmos assim,
se isso não leva a nada,
se sei que gostas de mim,
se sabes que és minha amada?
Pra que cada um pro seu lado,
pra que os caminhos diversos,
pra que o evitar de sorrir,
pra que a fronte cerrada?
Se sempre te tenho falado
e insisto nestes versos,
que não temos onde ir
se não formos de mãos dadas?

Adeus

A opção de partir, foi tua;
o sorriso no adeus, foi teu;
a mim restaram a lágrima contida
e o enorme desejo
de te pedir para ficar.







Quero que você me veja


Quero que você me veja
descalço, sem camisa,
sentado à mesa de um bar.
Nas mãos um copo de cerveja,
no rosto, um sorriso
buscando o teu olhar

Abandonado


Celso, meu  irmão do meio, saiu de casa em um domingo pela manhã para jogar futebol, como sempre fazia. Não voltou mais para casa. Teve um AVC após o jogo e cinco dias depois faleceu.


Por que você partiu assim,
sem despedir-se de mim,
sem me avisar?
Saiu sem dizer o destino
e deixou um vazio clandestino
que não consigo expulsar.
Voltar?!  sei que você não vai voltar –
pra onde você foi, não tem volta.
Uma lágrima insiste em rolar,
de tristeza, de saudade, de revolta
porque você se foi assim.
Vai estar nos meus pesadelos,
na minha angústia, nos meus apelos
até o eterno sono do fim.