segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Para Carla

O poema a seguir me foi encaminhado pelo Martius Mesquita. É uma homenagem à Carla, companheira de longa data, que resolveu nos deixar sem dizer adeus, escondendo de todos a terrível doença que lhe acometia.


Conhecer
Se encantar
Conviver
E ver partir
Mais um ponto
Um centímetro a  mais
Na mesma dolorida ferida
Que nunca cicatriza
Apenas adormece
Até que sejamos
Nós mesmos
Parte dela

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Patético

A gente não escolhe o que sente.
A gente, simplesmente, sente!
E, se algo dá errado,
quem é o culpado?

Não há culpa alguma 
nem coisa nenhuma
que explique o sentir.

E, dentro deste conceito,
de que me adianta ir
se vou em vão?
Se troco o não pelo sim
e o sim pelo não?
Se, quando abro o peito,
entrego tudo de mim
e só consigo me ferir?

Já acreditei em pessoas,
já acreditei em caminhos,
já acreditei, até, em santos.
Mas os erros foram tantos,
já andei tanto sozinho;
tantas esperanças à toa...

Que talvez hoje esteja mais cético, 
menos confiante:
a idade chegou!
Mas ainda sonhador.
E quando chega o amor
me entrego, como fazia antes...

Ou seja, depois de tanta caminhada
não aprendi nada.

Patético!!!

domingo, 27 de setembro de 2015

Super-homem


Esta é uma versão para a música "Super-homem" do Gilberto Gil. A letra original deve ser substituída por essa. Se você não conhece a música, dá uma olhada no link acima.


Por uns dias,
vivi a ilusão de que você retornaria
e que o meu mundo todo se coloriria
como costumava ser...

Que nada,
essa ilusão tão tola logo, logo acabaria
você foi clara e disse noutro dia
que não me quer mais ter...

Quem dera,
você pudesse compreender, ó mãe, quem dera
como é difícil essa minha espera (e)
como me faz sofrer...

Quem sabe,
talvez eu deva realmente me afastar
ficar bem longe de você e procurar
te esquecer...

......................................................

Quem sabe,
talvez eu deva realmente me afastar
ficar bem longe de você e então tentar
enfim te esquecer...

A pedra no caminho



Se havia uma pedra no caminho,
agora não há mais.
Meus rins funcionam direitinho
e até já sou capaz
de urinar sozinho

Sem aquela sonda, incômoda,
que tanto me afligiu
provocando dor hedionda
como quando entupiu...
Puta que o pariu!!!

A próstata, “hiperplasiada”,
aproveitando a ocasião,
foi devidamente raspada
pelo bom cirurgião
e já não incomoda nada.

Sua biópsia,
o que eu mais tenho a temer,
resultará, qualquer dia
em enorme alegria:
Não aparecerá câncer!         

Ficarei um tempo sem fazer nada
pensando no que aprendi:
a tal “ejaculação retrógrada”
que eu nem sabia existir
fantasia essa minha parada.            

Assim, embora  sem muito objetivo,
mantenho-me vivo
pro que der  e  vier.
Voltarei ao trabalho, continuando ativo
e já até penso em mulher.

Brincadeiras a parte...

Sei que causei preocupação                  
aos filhos, aos irmãos, aos amigos,               
a todos que têm carinho comigo.                 
Agradeço e peço perdão.
Não foi proposital,
não o fiz por mal,
não tive a menor intenção.                            

sexta-feira, 10 de abril de 2015

É...

Rapaz, presta atenção:
estou admirado
com tua falta de cuidado,
teu desprezo pela situação;
tua preocupação
apenas com o teu umbigo.
E eu, quem diria,
que estive ao teu lado
no certo e no errado,
não acreditaria
se não acontecesse comigo.
Dói, por não esquecer
e sentir saudade
daquela amizade
que imaginei ter,
da parceria suposta...
Mas o que fazer
se a reciprocidade
não é tão verdade
como pensei ser?
Será que, por motivo algum,
és apenas mais um
que me deu as costas?

domingo, 5 de abril de 2015

Sonet d'Arvers (Felix Arvers)

Aprendi este soneto nas aulas de francês do ginásio. Tínhamos que decorá-lo para recitar perante a turma. Nunca o esqueci.


Mon âme a son secret, ma vie a son mystère,
Un amour eternel en un moment conçu
Le mal est sans espoir, aussi j'ai dû le taire
Et celle qui la fait n'en a jamais rien su.

Hélas! J'aurai passé près d'elle inaperçu
Toujours à ses côtés et pourtant solitaire
Et j'aurai jusqu'au bout fait mon temps sur la terre
N'osant rien demander et n'ayant rien reçu.

Pour elle, quoique Dieu l'ait faite douce e tendre
Elle suit son chemin, distraite e sens entendre
Ce murmure d'amour élevé sur ses pas.

À l'austère devoir, pieusement fidèle
Elle dira, lisant ces vers tout remplis d'elle
"Quelle est donc cette femme?" - et ne comprendra pas.


Uma tosca tradução:

Minha alma tem seu segredo, minha vida o seu mistério
Um amor eterno num momento concebido.
O mal é sem esperança e então eu me calei
e ela que o fez nunca soube nada

Ai de mim! Terei passado perto dela desapercebido
sempre ao seu lado e, no entanto, solitário
e terei cumprido meu tempo sobre a terra
não ousando nada pedir e não tendo nada recebido.

Ela, a quem Deus fez doce e terna
seguirá seu caminho distraída e sem entender
este murmúrio de amor enlevado em seus passos.

E, mais tarde, piedosamente
ela dirá lendo estes versos repletos dela:
"Quem será esta mulher?" - e não compreenderá.

(Lindo, né???)

Cuidado com seus pedidos

Pedi tanto ao Universo
que me movimentasse o coração
e, como tudo que peço,
ele, enfim, me atendeu.
Mas não da forma pretendida
porque, queria eu,
uma nova paixão bem sucedida
e não o insucesso da velha paixão.

Resignação

Talvez, agora, eu possa entender
que nada se perdeu.
Não há derrotados,
ninguém venceu.
E se não foi como esperado
é porque não era mesmo para ser.