domingo, 9 de dezembro de 2018

O sonho


O sonho

Essa noite eu sonhei com você. E foi um sonho tão bom...
Você estava linda, com uma roupa branca justa que desenhava o teu corpo. Por cima dela, um véu branco, transparente, que te envolvia.
No sonho, tive a coragem de contar do meu amor por você e você me contou que eu era correspondido.
Fiquei tão feliz!!!
Então, nós nos abraçamos, e nós nos beijamos, e nós nos acarinhamos.
Acordei triste por ter acordado e passei o resto do dia com um buraco no peito, uma ansiedade, dividido entre a expectativa de que o sonho poderia ter sido um sinal do Universo de que você e eu ficaríamos juntos e a decepção de ter sido apenas um sonho – uma expressão do meu subconsciente – e por eu não possuir aquela varinha de condão dos contos de fada, que permitem transformar sonhos em realidade.
Foi a primeira vez que sonhei contigo enquanto dormia.
Agora, como antes, sonho contigo acordado.
E te enviei uma música...

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terça-feira, 4 de setembro de 2018

Tavarísh



Meu amigo,
meu camarada ...

Ninguém entendia
aquela tua energia,
aquela tua necessidade
de estar sempre comigo,
a tua forma de amizade.
Todo mundo reclamava.
E isso me incomodava
tanto e tanto
que eu acabava ralhando contigo.

Voce teve uma vidinha agitada!

No entanto, partiu quietinho,
sem um latido, sem um ganido,
encolhido no teu canto
como se quisesse partir sozinho,
como se quisesse não incomodar
e nem me deu a oportunidade
de uma última vez te abraçar.

Ficamos juntos 15 anos.
Te vi nascer, te vi crescer,
te vi morrer.

Voce fez parte dos meus planos

Vou lembrar sempre
do teu olhar pidão,
teus olhinhos carentes
buscando o afago da minha mão ,
o rabo em eterno abanar...
e dos teus pulos contentes
como se fossem cem anos ausente
ao me perceber chegar.

Vou sentir saudade
dessa amizade sincera
de quem tudo dá e nada espera...
Um amor cego, de verdade!

sábado, 18 de agosto de 2018

A morte


Pego-me aqui sozinho
imaginando como será a morte:
Um sono sem sonhos,
profundo e escuro?
Ou simplesmente se some?

Pensamentos bisonhos:
Morreu, morreu. Acabou.
Não serei mais quem eu sou!
(por mais que tenha sido)

Com um pouco de sorte
talvez sejamos, no futuro,
uma lembrança, um nome,
guardados com carinho.

Mas logo, logo esquecido.


sábado, 4 de agosto de 2018

Flávia


Há 40 anos você chegava em minha vida.
Lembro da alegria em tua chegada, teu sorriso desdentado, teu choro desmamado...
Foi outro dia mesmo...
Nossa!!!  Como o tempo passa rápido quando olhamos para trás.
Primeira filha, primeira neta... Tinha tudo para dar errado. Mas não deu!
Lembro de você fingir dormir no sofá, quando percebia minha chegada do trabalho, só para eu te pegar no colo e te levar para tua cama. E você abrindo os olhinhos, sapeca, me “surpreendendo” acordada. E quando eu ria da peripécia, você me chamava de “risadinha”.
Lembro das inúmeras vezes que dormi tentando te ninar.
Lembro da passagem em Araruama, quando você confundiu os ovinhos de amendoim.
Nunca vou esquecer o susto que você nos deu – e o desespero que senti – quando você adoeceu e ficou internada.
Também lembro da adolescente chata que passava o fim de semana trancada no quarto ouvindo Sacrifice a toda altura, remoendo seu rancor.
Lembro das aulinhas de Física e do terror que a matéria te inspirava.
Lembro do “bico” dos domingos de manhã quando eu te acordava ao som de Besame Mucho.
Lembro do orgulho que senti (e ainda sinto) com as tuas conquistas: Pedro II, UERJ, mestrado, doutorado, teu desenvolvimento pessoal e profissional. E da tristeza que sentia com as tuas frustrações.
Muitas vezes penso não ter sido o pai ideal. Apesar disso, celebro a amizade, o amor e o carinho que percebo termos um com o outro.  E entendo que as nossas rusgas são fruto disso.
Comemoro o fato de estar presente para ver mais um ano da tua vida, com saúde e com esse brilho no olhar que tanto me encanta.
Enfim, quero te dizer que você não é só lembranças. Na verdade, isso tudo são marcas. Marcas na minha vida, pois você é parte importante dela.
Te amo muito!
Feliz aniversário.
Pai  (04/08/2018)

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Mega sena


Joguei na mega sena.
Pra quê? Nem sei,
pois não costumo jogar.
Mas sonhei ganhar
e até planejei como gastar.
Uma pena:
nada acertei!
Mas, enfim, foi bom sonhar...

segunda-feira, 7 de maio de 2018

O pai da noiva

Escrevi esse texto no dia 05/05/2016, por ocasião do casamento de minha filha, Flávia Rachel, um dos dois exemplos práticos da evolução das espécies.


Tenho tantas coisas para dizer e me faltam palavras...
Não, não faltam! Na verdade, sobram palavras. Um turbilhão delas. Tantas que não consigo ordená-las, dar-lhes sentido, fazer-me entender.
Eu mesmo não sei se me entendo. Uma profusão de sentimentos. Que confusão!
Mas tive a alegria de te ver nascida, de te ver crescida; de te ver bebê, menina e mulher.
Assisti ao teu primeiro sorriso, ao teu segundo choro.
Vi você lutar pela vida e vencer quando os prognósticos diziam o contrário. Tua ânsia pela vida!
Participei de alguns dos teus sonhos. Assisti a realização da maioria.
Vi algumas frustrações também. Mas quem não as tem? Esteja certa, sofri contigo embora soubesse que a dor passageira seria o combustível para novos objetivos e novas realizações.
“A arte de sorrir quando o mundo diz que “não”.”
Tive a felicidade de acompanhar cada uma das fases da tua vida, ver o teu crescimento enquanto pessoa, enquanto profissional, enquanto mulher.
Hoje realizas mais um sonho. Que bom!!!
E é aqui que a confusão começa...
Quero te desejar felicidade. Quero dizer do meu orgulho em te ter como filha. Quero falar da minha alegria em te ter como amiga. Quero falar do meu amor por você. Quero falar que da tua felicidade e da tua alegria dependem as minhas.
Ah! Quero falar tanta coisa...
Queria criar um poema bonito pra te dar de presente
mas não encontro rima.
Então, resolvi por este texto, escrito com o suficiente
pra mostrar minha estima;
Sejam felizes, filha. Você e o André. Muito, mas muito mesmo, felizes!!!
De todos os meus “quereres” este é o maior, o mais importante.
Pai
Rio de Janeiro (RJ), 05/05/2016

sábado, 14 de abril de 2018

Má companhia


Ergue pros céus uma prece
e agradece.
Deixa o teu “muito obrigado”
pela vida, por ser forte,
pela sorte
de ter mais que merece,
mais do que é preciso;
pelos amigos.
E sorria!
Deixa a tristeza de lado,
carrega sempre contigo
um sorriso,
se deixa envolver de alegria
porque, tenha certeza:
a tristeza?
Ah! Essa é má companhia.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Verde e amarelo


Essa porção verde e amarela
que inflou o pato e bateu panela;
que se considera elite
e não admite
que pobres possam ser seus iguais
e que não é classe social que o torna capaz.
Em sua disfarçada intelectualidade,
continua a querer tirar, do pobre, a oportunidade.

Essa porção, hoje se deleita
com a queda de uma presidente eleita,
com o Lula na prisão,
com o rasgar da Constituição.
Essa porção esquece ou não viu
que já passamos por isso no Brasil:
a ditadura voltou com roupa nova
(do que os fatos recentes são prova).
Voltou sem uniforme, com toga, palitó e gravata,
mas com a truculencia, o desprezo e as bravatas
daquela outra ditadura, do desequilíbrio.
O “dejá-vu” de um passado sombrio!

A porção aplaude o desrespeito aos direitos,
o fazer por fazer, não importando o que é feito;
a condenação sem provas, a perseguição política
sem fundamento legal, sem análise crítica.
 “A lei é para todos”, a porção dirá
e não tenho como discordar.
Mas a lei! Não a convicção de alguém.
Convicção não pode condenar ninguém.
Talvez, por isso, morram tantos favelados
pois os pobre coitados
sofrem a “convicção” de um preconceito antigo:
mora no morro, é bandido.


Hoje foi o Lula, com ampla exposição na mídia:
um show, um espetáculo, uma comédia.
Mas a porção não percebe, em momento algum,
que amanhã pode acontecer com o cidadão comum.



Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram
meu outro vizinho que era comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei.
No terceiro dia vieram
e levaram meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram;
já não havia mais ninguém para reclamar...”
                                          (Martin Niemoller - 1933 - Símbolo da resistencia ao nazismo)

terça-feira, 13 de março de 2018

Ecos do passado


                         (ou "Porque não consegui dormir essa noite")

Uma  música entreouvida,
um lugar, um retrato...
Lembranças já esquecidas:
Ecos do passado!

Há lembranças que a alma, dolorida,
guardou-as bem guardado
mas assomam à mente distraída,
palpitando o coração descuidado.

Há lembranças que reabrem feridas,
tumores mal curados...
Cicatrizes com a marca escondida
que pensávamos ter superado.

Há, ainda, as lembranças escolhidas
por tudo, um aprendizado
trazendo, por certo, a medida
de tanto ter dado errado.

Há também as lembranças aflitas
de sonhos não realizados,
de contendas perdidas,
de investimentos derrotados.

E a pior lembrança, a maldita,
é o resumo do ciclo acabado,
a síntese do que se fez na vida...

É essa que nos deixa, à noite, acordados.

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Vidas (des)cruzadas



Você era o que eu queria:
a desejada companhia
até o fim dos meus dias.
“Pra sempre”, voce dizia
e quando eu respondia
“pra sempre é muito tempo”
você apenas sorria.

Cri no que você prometeu!
Então, te enchi de carinho
e alinhei meu caminho
para convergir com o teu.

Só que eu não sabia
por quão curto momento
o teu “pra sempre” valia.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Covardia


Essa ditadura covarde,
tão covarde que nem se assume,
se disfarça de democracia
mas não trabalha pro povo.
Ao contrário, o pune!
Nem se incomoda com o alarde
das tramas na calada da noite
em palácios roubados
e entre malas de dinheiro.
Num só efeito
nos faz otários,
avilta a cidadania,
traz de volta o açoite,
cassa, de novo, direitos
tão arduamente conquistados
e nos diz, sorrindo,
isso ser necessário.

Tudo em prol de interesses estrangeiros.

E tem gente aplaudindo!